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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O Corvo - Edgar Allan Poe


Numa sombria madrugada, enquanto eu meditava, fraco e cansado, sobre um estranho e curioso volume de folclore esquecido; enquanto cochilava, já quase dormindo, de repente ouvi um ruído. O som de alguém levemente batendo, batendo na porta do meu quarto. "Uma visita," disse a mim mesmo, "está batendo na porta do meu quarto - É só isto e nada mais."

Ah, que eu bem disso me lembro, foi no triste mês de dezembro, e que cada distinta brasa ao morrer, lançava sua alma sobre o chão. Eu ansiava pela manhã. Buscava encontrar nos livros, em vão, o fim da minha dor - dor pela ausente Leonor - pela donzela radiante e rara que chamam os anjos de Leonor - cujo nome aqui não se ouvirá nunca mais.

E o sedoso, triste e incerto sussurro de cada cortina púrpura me emocionava - me enchia de um terror fantástico que eu nunca havia antes sentido. E buscando atenuar as batidas do meu coração, eu só repetia: "É apenas uma visita que pede entrada na porta do meu quarto - Uma visita tardia pede entrada na porta do meu quarto; - É só isto, só isto, e nada mais."

Mas depois minha alma ficou mais forte, e não mais hesitando falei: "Senhor", disse, "ou Senhora, vos imploro sincero vosso perdão. Mas o fato é que eu dormia, quando tão gentilmente chegastes batendo; e tão suavemente chegastes batendo, batendo na porta do meu quarto, que eu não estava certo de vos ter ouvido". Depois, abri a porta do quarto. Nada. Só havia noite e nada mais.

Encarei as profundezas daquelas trevas, e permaneci pensando, temendo, duvidando, sonhando sonhos mortal algum ousara antes sonhar. Mas o silêncio era inquebrável, e a paz era imóvel e profunda; e a única palavra dita foi a palavra sussurrada, "Leonor!". Fui eu quem a disse, e um eco murmurou de volta a palavra "Leonor!". Somente isto e nada mais.

De volta, ao quarto me volvendo, toda minh'alma dentro de mim ardendo, outra vez ouvi uma batida um pouco mais forte que a anterior. "Certamente," disse eu, "certamente tem alguma coisa na minha janela! Vamos ver o que está nela, para resolver este mistério. Possa meu coração parar por um instante, para que este mistério eu possa explorar. Deve ser o vento e nada mais!"

Abri toda a janela. E então, com uma piscadela, lá entrou esvoaçante um nobre Corvo dos santos dias de tempos ancestrais. Não pediu nenhuma licença; por nenhum minuto parou ou ficou; mas com jeito de lorde ou dama, pousou sobre a porta do meu quarto. Sobre um busto de Palas empoleirou-se sobre a porta do meu quarto. Pousou, sentou, e nada mais.

Depois essa ave negra, seduzindo meu triste semblante, acabou por me fazer sorrir, pelo sério e severo decoro da expressão por ela mostrada. "Embora seja raspada e aparada a tua crista," disse eu, "tu, covarde não és nada. Ó velho e macabro Corvo vagando pela orla das trevas! Dize-me qual é teu nobre nome na orla das trevas infernais!".

E o Corvo disse: "Nunca mais."

Muito eu admirei esta ave infausta por ouvir um discurso tão atenta, apesar de sua resposta de pouco sentido, que pouca relevância sustenta. Pois não podemos deixar de concordar, que ser humano algum vivente, fora alguma vez abençoado com a vista de uma ave sobre a porta do seu quarto; ave ou besta sobre um busto esculpido, sobre a porta do seu quarto, tendo um nome como "Nunca mais."

Mas o corvo, sentado sozinho no busto plácido, disse apenas aquela única palavra, como se naquela única palavra sua alma se derramasse. Depois, ele nada mais falou, nem uma pena ele moveu, até que eu pouco mais que murmurei: "Outros amigos têm me deixado. Amanhã ele irá me deixar, como minhas esperanças têm me deixado."

Então a ave disse "Nunca mais."

Impressionado pelo silêncio quebrado por resposta tão precisa, "Sem dúvida," disse eu, "o que ele diz são só palavras que guardou; que aprendeu de algum dono infeliz perseguido pela Desgraça sem perdão. Ela o seguiu com pressa e com tanta pressa até que sua canção ganhou um refrão; até ecoar os lamentos da sua Esperança que tinha como refrão a frase melancólica 'Nunca - nunca mais.' "

Mas o Corvo ainda seduzia minha alma triste e me fazia sorrir. Logo uma cadeira acolchoada empurrei diante de ave, busto e porta. Depois, deitado sobre o veludo que afundava, eu me entreguei a interligar fantasia a fantasia, pensando no que esta agourenta ave de outrora, no que esta hostil, infausta, horrenda, sinistra e agourenta ave de outrora quis dizer, ao gritar, "Nunca mais."

Concentrado me sentei para isto adivinhar, mas sem uma sílaba expressar à ave cujos olhos ígneos no centro do meu peito estavam a queimar. Isto e mais eu sentei a especular, com minha cabeça descansada a reclinar, no roxo forro de veludo da cadeira que a luz da lâmpada contemplava, mas cujo roxo forro de veludo que a lâmpada estava a contemplar ela não iria mais apertar, ah, nunca mais!

Então, me pareceu o ar ficar mais denso, perfumado por invisível incensário, agitado por Serafim cujas pegadas ressoavam no chão macio. "Maldito," eu gritei, "teu Deus te guiou e por estes anjos te enviou. Descansa! Descansa e apaga o pesar de tuas memórias de Leonor. Bebe, oh bebe este bom nepenthes e esquece a minha perdida Leonor!"

E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Profeta!" disse eu, "coisa do mal! - profeta ainda, se ave ou diabo! - Tenhas sido enviado pelo Tentador, tenhas vindo com a tempestade; desolado porém indomável, nesta terra deserta encantado, neste lar pelo Horror assombrado, dize-me sincero, eu imploro. Há ou não - há ou não bálsamo em Gileade? - dize-me - dize-me, eu imploro!"

E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Profeta!" disse eu, "coisa do mal! - profeta ainda, se ave ou diabo! Pelo Céu que sobre nós se inclina, pelo Deus que ambos adoramos, dize a esta alma de mágoa carregada que, antes do distante Éden, ela abraçará aquela santa donzela que os anjos chamam de Leonor; que abraçará aquela rara e radiante donzela que os anjos chamam Leonor."

E o Corvo disse: "Nunca mais."

"Que essa palavra nos aparte, ave ou inimiga!" eu gritei, levantando - "Volta para a tua tempestade e para a orla das trevas infernais! Não deixa pena alguma como lembrança dessa mentira que tua alma aqui falou! Deixa minha solidão inteira! - sai já desse busto sobre minha porta! Tira teu bico do meu coração, e tira tua sombra da minha porta!"

E o Corvo disse: "Nunca mais."

E o Corvo, sem sequer se bulir, se senta imóvel, se senta ainda, sobre o pálido busto de Palas que há sobre a porta do meu quarto. E seus olhos têm toda a dor dos olhos de um demônio que sonha; e a luz da lâmpada que o ilumina, projeta a sua sombra sobre o chão. E minh'alma, daquela sombra que jaz a flutuar no chão, levantar-se-á - nunca mais!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Seu escuro em mim


Ah algumas coisas que ainda me perturbam, vendo você que deixa tudo escuro no meu claro, faz eu estranhar tudo que eu não vejo.
Ah alguns locais onde não sinto sua presença em seu corpo, isso me contraria minha imaginação.
Ah sempre um vulto preto a te rodar, te alimentando de medo e indecisões.
Num abismo repleto de incertezas eu vou mergulhar, tentando me afogar na mais absoluta tristeza só para eu mesmo me magoar.
Porque é em seus braços sombrios é onde eu queria estar.
Apesar de sombrios, sei que é lá onde eu me sinto bem, onde meu medo se transforma em força, onde minha tristeza se transforma em vida, e no fundo da minha escuridão algo brilha por poucos momentos, e de tamanho pequeno, algo se dês faz e tudo entra em contraste, fazendo de um desastre, um momento de paz.

sábado, 4 de setembro de 2010

4 – Observações, Conclusões, inveja.

Após, eu acordar do sonho, deparo-me com Georg dirigindo novamente, e dessa vez eu estava na caçamba, e Lucy estava ao seu lado falando com ele. Não pude ouvir, mas a paisagem ao meu redor era simplesmente bela. Talvez você leitor, não ache tão bela assim, já que era somente uma estrada ao meio de vários carvalhos... Dentro da floresta era extremamente escuro, mal conseguia ver a 10 metros adentro. Sentado eu ali descansando e Lucy grita:

Lucy – Tem comida ai a traz, de baixo do manto ao seu lado. Coma, você vai precisar de energia para próxima etapa.

Jonathan – “Etapa” você disse? – fala ele com um tom de angustia.

Não se ouve mais nada vindo de Lucy ou Georg. Comendo ali, estava eu, com um prato com arroz, um pouco de farinha e feijão e um pedaço de bife mal passado. Termino de comer rapidamente, pois do nada surgiu uma fome enorme, e depois de tragar tudo pra dentro, reparo que há muitas frutas na caçamba, tinha maçãs, melões verdes, melancias e muita banana. Ficava eu me perguntando pra que essa quantidade de frutas em grande escala, penso eu, que dava pra manter um animal por muitos meses só com isso. Olhando para aquele monte de frutas, ficava eu me perguntando “pra que aquilo tudo?”. Do nada algo me diz que estávamos sendo seguidos, bato na camionete e falo:
Jonathan – Acho que estamos sendo seguidos... – com um leve tom de medo.

Lucy - Na verdade estamos sendo escoltados até a próxima cidade, pois a região é muito perigosa, essa estrada somente nós conhecemos, e podemos andar com essa calma.

Pergunto-me porque estamos sendo escoltados, já que não é tão... Não achei ser tão perigosa assim a floresta, até que surge... Um grande lobo. Não sei se era um lobo selvagem, mas era enorme, comparado com a camionete, era enorme, ele correndo lado a lado da camioneta, e salta de um lado a outro da rua passando por cima de mim. Fico extremamente assustado com os pensamentos mais absurdos que existe no mundo. “Mas que caralho, como existe algo desse tamanho e estamos sendo escoltados por esse monstro, não era mais fácil chamar a Scotland Yard? (policia da Inglaterra)”, pensamentos desse tipo eu estava na hora, o mais estranho que aconteceu naquele momento, após o grande salto de um lado a ou outro da pista, é que tipo, o bicho estranho, da uma piscada nada “romântica” para mim. Aquela situação não me saia da cabeça, por mais que eu quisesse esquecer, me via sempre a piscada daquele enorme lobo, fico até hoje meio constrangido com aquela situação nada “estranha”, mas não somente na situação na qual eu estava, mas nas características do “bicho” estranho. Tinha realmente a aparência de um lobo, era gigante, sobre as 4 patas ele devia ter uns 3 metros, e do focinho ao inicio do rabo, dava acho que uns 4 metros ou 5 ( sem exageros, não sou pescador )e o rabo tinha mais uns quase 2 metros, fora que o rabo era muito peludo tinha uns 50cm de espessura só de pelo, sua pelagem era brilhante, e tinha uma cor marrom bem clara, seus olhos era um castanho bem claro e bem nobres de se olhar, com tudo, era um magnífico animal.

Chegamos a uma cidade bem estranha, era casas e prédios tudo de um estilo inexplicável. Suas portas, por exemplo, tinham o dobro do tamanho normal, o tamanho e diferença de andares também eram gigantes. Georg para de frente pra um Motel, desce do carro, e fala para entrarmos que ele tinha que comprar alguns equipamentos genuínos. Tive uma certa dúvida de que equipamentos ele estava atrás, mas deixei de lado e perguntei a Lucy, “quanto tempo exatamente eu tinha dormido”, ela me responde “1 dia e meio, exatamente”.Espantei-me, nunca consegui dormir mais de 9 horas por dia, e não sabia exatamente como tinha apagado. Entramos no Motel pegamos 2 quartos diferentes, ela ficou com um e eu iria ficar no mesmo quarto que Georg ( em camas separadas deixo isso muito claro).

Chegando ao quarto, me deparo com realmente apenas 2 camas, e nada mais. A cama era dura, e seus travesseiros muito finos, o que deixava a cama mais desconfortável ainda. Dentro do quarto, havia apenas uma janela, e um espaço bem pequeno para o banheiro, que havia apenas um vaso, chuveiro, e o espelho era junto com a parte do chuveiro, acho que era pra economizar espaço. A cor do quarto era um marrom bem forte, embora o quarto não fosse lá aquele conforto, era bem fresco, em sua janela aberta, por assim dizer “automaticamente” por ela estar trincada, e algumas partes dela, estavam sem vidro isso fazia com que o vento passar por toda a janela ( o que dava uma sensação de proteção total). Coloquei as malas da camionete dentro do quarto, sentei na cama, e veio-me um sentimento de tristeza, desanimo e angustia, perguntava-me várias vezes o que eu fazia ali, e porque não tava tentando escapar. Aquilo ia me consumindo e eu ia ficando com mais raiva. Quando entra no quarto uma menina, que bate a porta, tranca e corre pro banheiro.

Não vi seu rosto direito, mas ela tinha longos cabelos negros, e usava uma roupa estranha, nunca tinha visto algo parecido, levanto-me, e vou andando rápido rumo ao banheiro. Quando a porta é arrombada por um grandalhão de aparentemente 3 metros com um martelo de guerra em suas mãos, apenas duas palavras invadem minha mente ... elas eram “ To Ferrado”.

- cadê a menina que entro nesse quarto ?

Jonathan – E eu sei lá, você quem ta procurando, entro ninguém aqui não o do martelo.
- como é que é garoto? tem medo de morrer não ?

Jonathan – eu? eu mesmo tenho? Por quê?

O grandalhão, faz um movimento rápido de investida corporal, eu fiquei apenas paralisado, sem saber o que fazer, com o golpe fui empurrado ao chão, sendo um alvo fácil ele então inclina o martelo sobre sua cabeça, quando então, o banheiro explode, saindo dela um lobo gigante pulando sobre o grandalhão arranhando seu peito, e mordendo o martelo tirando-o de suas mãos, e então o grande lobo salta com o martelo em sua boca e pula a janela, quebrando ela em pedaços, protejo minha cabeça, rapidamente e me levanto e vou ver pra onde o lobo foi, quando chego na janela não dava pra ver mais nada, nem seu próprio rastro de pegadas, algo me avisava “ Jonathan saia correndo, o mais rápido possível, e não olhe pra traz”, veio aquela leve curiosidade de olhar pra traz quando eu vejo o pequeno grandalhão, com uma ripa na mão vindo ao meu rumo querendo me acertar, pulo o resto de janela a caindo praticamente de cara, levanto-me rápido, saio correndo o máximo que eu posso, dando a volta no quarteirão, pra ir de frente com o motel onde estávamos. Quando me deparo que eu tava em outro lugar totalmente diferente, minhas roupas estavam diferentes, tudo em minha volta era estranho. Olho pro lado, e vejo aquele mesmo lobo gigantesco parado olhando pra mim. Aquele mesmo belo lobo a olhar me olhar, parado e de com apenas a cabeça virada pro meu rumo e eu a olhar pra ele com muito medo. O lobo então se deita, e eu vejo uma pequena ferida em sua barriga e o grande lobo passava a diminuir seu tamanho, ia tomando forma humanóide rapidamente e perante aos meus olhos, o lobo se tornava uma bela mulher totalmente nua com um corte que ia de sua barriga passava por suas costelas pela esquerda e ia até seu ombro direito, não era profundo mas aparentemente parecia ser feito por uma lamina, e estava perdendo muito sangue, muito rápido, rapidamente tirei minhas roupas, e fui amarando nela, pra fechar sua ferida.